Como surge a ideia

Na minha infância as bonecas ocupavam um grande espaço. Brincar de boneca era a minha brincadeira preferida. Eu ficava horas e montava   as “casinhas de bonecas “ improvisadas e lúdicas nas casa dos meus pais e durante os dias  das férias mais incríveis na casa dos meus avós maternos.

Tive várias bonecas que normalmente ganhava de presente no Natal. Bonecas que eu tinha um super zelo, brincava e muito, mas eram cuidadas. Lembro da minha mãe lavando e limpando as minhas bonecas, passando os vestidos,  costurando flores e laços ou novas roupas para as bonecas. Ela me ensinou a cuidar dos meus brinquedos, e da minha avó materna  tricotando ou fazendo as roupinhas de crochê para as minhas bonecas. Meu avô restaurando brinquedos e meu pai consertando alguns  dos nossos brinquedos. As bonecas Susi sempre foram as minhas preferidas, eu viajava ludicamente com as bonecas. Tinha uma maleta com várias roupas, algumas compradas e outras confeccionadas pela minha mãe  e minha avó materna. Esse acervo repleto de memórias e transbordando de amor  passou por uma tragédia.   Um incêndio na edícula da casa dos meus pais, onde os brinquedos estavam guardados, destruiu praticamente todo o acervo. Eu mesmo sendo uma adulta, não me refiz inteiramente à perda de tantos  elementos de memórias preciosas.  Em  novembro de 2020,  descobri que talvez  fosse possível reconstruir de alguma forma. Começo a pesquisar ( me defino  como uma pesquisadora que coleciona) e vou descobrindo,  (re) memorando.  Converso com colecionadores  e colecionadoras,  as histórias por meio da oralidade também vão me ensinando.  E cada dia vou aprendendo. Alguns compartilham seus aprendizados, outros nem tanto. Noto algumas informações também equivocadas sobre patrimônio cultural, acervos, coleções e outros temas ( como “raridade”). E vou ouvindo histórias, memórias repleta de riquezas. Então , a partir da pesquisa em diversos campos, caminho no processo de ( re)construção e  (re) memoração das pessoas que são a base de um projeto que pretendo transformá-lo em uma exposição física  itinerante em diversos espaços. Uma exposição física, através da qual ,  as pessoas possam ver  bonecas e outros objetos da infância, e  assim  (re) relembrar a criança que existe em cada um de nós.

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As bonecas  do  acervo  que  estou construindo são apenas objetos do meu trabalho e não estão à venda.